Relação dos Vídeos (áudios)

A xícara cheia

Conversinha ao Pé do Ouvido

Parábola Oriental
A xícara cheia
Conta-se que um discípulo foi visitar o seu mestre e lá se distendeu a revelar o quanto já sabia de tudo, exibindo seus altos conhecimentos na intenção de mostrar que já havia aprendido o bastante. Enquanto isso o sábio enchia a sua xícara sem parar, até que o estudante, incomodado, interrompeu o seu discurso, interrogando o motivo da estranha atitude, pois que o chá já se derramava abundantemente sobre a mesa.
O mestre então lhe devolveu a sábia lição: Assim está a sua mente, filho, ela transborda conhecimentos e desse modo nada mais lhe será possível aprender. É preciso urgentemente esvaziá-la. Eis que, na atualidade, estamos como as xícaras cheias da parábola oriental, pois orgulhosamente exibimos nossos fantásticos conhecimentos como se tudo já soubéssemos, esquecidos da famosa recomendação de Sócrates ao nos alertar que o homem inteligente é aquele que sabe que nada sabe, e da sabedoria de Confúcio, quem nos afiançou que o ignorante é aquele que é incapaz de mudar de idéia. Por isso precisamos de que novos paradoxos nos esvaziem a mente, revelando os pontos fracos de nossa pretensa sabedoria. O intelecto, assim como o estômago, carece de evacuar-se, permitindo que um novo aguçar do apetite nos estimule a busca por mais alimentos, permitindo-nos o crescimento e a subsistência. E, somente ao se evidenciar a incoerência do conhecimento, a razão pode denotar a sua avidez, predispondo-nos, assim, à procura de novos sabores que nos satisfaçam o apetite psíquico. Por isso, ai daquele que se encontra saciado de saber, sua "xícara" transbordante de dogmas jamais lhe permitirá degustar os novos "petiscos" que a vida permanentemente nos oferta a fim de nos nutrir com a verdade.

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